O Baile de Máscaras


Colégio Estadual Professor Edilson Souto Freire
Alunas: Arielle Lopes, Daylane Silva, Inês Santos
Série: 3° ano CV
Prof.: Tássia

O Baile de Máscaras


Uma gota de chuva cai no ombro de Lana, fazendo com que ela se assuste e saia do transe de olhar a enorme mansão a sua frente. Logo, após endireitar a postura e subir a alça do vestido que havia deslizado, dá alguns passos para frente e bate três vezes na porta, fazendo com que uma velhinha de trajes preto e branco abrisse a porta, dando a visão de uma mulher alta e bem arrumada na sala de estar, que lhe encara de volta com um sorriso de orelha a orelha.
A família Savelli era conhecida por suas fervorosas e grandiosas festas. Eram de grande elite na cidade de Veneza, qualquer pessoa da cidade sabia do poder e da riqueza que essa família possuía. O ano de 1700 tinha começado e as festas não poderiam faltar, a cada semana uma nova proposta era apresentada, nessa seria um baile de máscaras.
A maior parte dos convidados eram chamados pela quantidade de dinheiro no bolso, apenas famílias de doutores e representantes da política. Mas não era o caso de Lana Tribbiane, uma detetive que por si mesma tentava descobrir se um dos maiores mafiosos da Itália estaria na noite do baile. Como uma boa infiltrada, já tinha tido o trabalho de estudar cada uma das famílias, sem deixar de lado cada membro dos Savellis. E foi desse jeito que ela soube quem era quem no momento que foi visitar a família para uma seleção para uma nova governanta na casa, e do jeito que havia se empenhado para o papel, a vaga já era sua.
Frank Savelli era o homem que portava uma presença chamativa assim que pisasse em qualquer lugar. Era alto, robusto e possuía uma cicatriz que atravessava a lateral de seu rosto. Ao seu lado, sua filha mais nova, Pauline Savelli, tentava chamar sua atenção falando algo enquanto enrolava no dedo uma mecha de seus cabelos ondulados e loiros, logo foi interrompida após ser derrubada no chão pelo seu irmão mais velho Filip, que ria bastante da visão da pequena loira no chão, a situação acabou imediatamente depois do olhar de reprovação do pai, fazendo-os aprontar-se e subir para o quarto.
Longe de onde isso ocorria, Lana esperava sua mais nova patroa lhe dar a primeira ordem do dia. Enquanto esperava, observou um quadro na sala, uma pintura em que a senhora Savelli estava, porém diferente da moça sorridente de mais cedo esta possuía um olhar agonizante e uma expressão melancólica, afim de olhar mais de perto a obra exposta na sala de estar, a morena se aproxima para tocar na tela e escuta um pigarro atrás de si, dando de cara com Elisa Savelli, a ruiva alta em que havia tido contato antes e também a protagonista da pintura.
Elisa se aproxima e comenta com Lana sobre o dia da pintura, expressando alegremente os fatos ocorridos, junto com seu belo e grande sorriso acompanhando as palavras que saiam de sua boca. De relance, a detetive olha o quadro e em seguida a moça em sua frente, estranhando como as duas poderiam ser as mesmas pessoas.
Passaram-se uma semana desde a chegada da detetive na mansão, o baile havia começado e Lana se arrumava como um dos convidados para passar despercebida no momento que fosse investigar as pessoas da festa. No local dava para perceber muito luxo, espalhado desde a mansão até as vestes dos convidados, todos escutavam longas risadas altas sempre que o senhor Savelli comentava algo. Seus filhos ao contrário dele, não podiam frequentar a festa, estavam proibidos de sair do seus quartos que ficavam no terceiro andar da casa, onde também estaria o quarto dos pais, o segundo andar era preenchido de quartos e salas de divertimento para o proprietário da casa desfrutar, e as empregadas normalmente dormiam no primeiro andar da casa. Lana já havia feito o mapa da mansão e sabia de cor.
Tudo ocorria normalmente na festa quando Lana percebeu um movimento estranho no grupo de conversas que Frank Savelli estava, os homens em volta possuíam uma expressão bravas no rosto e uma discussão tomou conta da roda, três homens falavam de maneira rude com Frank enquanto ele assistia de forma paciente o homem a sua frente perder o controle, até que ele faz sinal com a cabeça para o sócio ao seu lado e faz com que ele carregue o homem para os fundos da casa, os dois convidados que chegaram com o empresário que foi carregado para fora de casa se olham e começam a andar, mas não para os fundos da mansão e sim em direção as escadas que dão ao segundo e terceiro andar da casa. Lana sem entender o que estava acontecendo, decide espionar Frank na janela do outro lado da casa, que ficava distante onde ela estava, então sai com andadas rápidas se esbarrando em algumas pessoas até que chega no local e só consegue enxergar Frank fumando um charuto enquanto seu sócio de quase dois metros de altura volta de uma direção que se encontrava uma vala abandonada, ele limpava as mãos uma com a outra e conversava com Frank sobre algo, fazendo com que o senhor Savelli tirasse do paletó um saco pequeno aparentemente cheio e pesado que Lana acreditava que fossem moedas.
Depois deste momento ocorrer Tribbiane percebe o que aconteceu e teme o que irá acontecer com a senhora Savelli que estava no segundo andar da festa. Percebendo isso, a morena puxa a bainha do vestido que iam até seus tornozelos para que facilitasse sua locomoção ainda mais rápida pela festa, Lana praticamente corre para o centro da festa onde as pessoas estavam extremamente animadas devido o consumo do vinho, já não esbarrava de leve nas pessoas, praticamente as empurrava e dizia um breve ´´Perdão´´ tudo para chegar o mais rápido e evitar o pior. Quando chega perto do meio da festa, para um pouco para recuperar o fôlego e subir os degraus da escada quando de repente escuta um grito alto e espantoso, que vinha de uma mulher a sua frente olhando para o teto da casa, então todos olham e veem uma cena horrenda. O cabelo loiro voando e seu pequeno corpo chegando de encontro ao chão, os braços movimentando como se quisessem se apoiar a algo e então tudo para, e o corpo de Pauline golpeia com força o piso do saguão.
Lana pega um pano para ilustrar os vasos da cozinha e tira a poeira da mesa. Havia se passado três dias após a morte de Pauline e por mais que os policiais já estivessem com as deduções concluídas de que os assassinos teriam sido os dois homens suspeitos da festa. A detetive sabia que não.
Um dia após a morte de Pauline a cidade de Veneza estava um caos, todos comentavam e todos se perguntavam quem poderia ter sido, mas Lana como uma boa investigadora não poderia deixar isso passar em branco e faria sozinha suas próprias pesquisas dos suspeitos. Mas ela não começaria sua pesquisa pelos convidados, que estavam claramente fora de si pelo vinho e se importando apenas com as próprias diversões, então ela recorreu ao ser mais atento e único sóbrio da casa, Dona Isabel, a empregada mais antiga e fiel dos Savellis, a doce velhinha que abriu a porta para Lana na sua primeira visita a mansão. Isabel a contou que havia visto os homens saindo às pressas da mansão minutos antes do ocorrido, tropeçando nas escadas como se tivessem visto um monstro no terceiro andar. ´´ Não surpreenderia ninguém se tivesse mesmo´´ Dona Isabel completa, e desperta curiosidade na detetive, que pergunta o que a senhora estaria dizendo com isso, a velhinha se vira enquanto seca o prato e apenas responde ´´Todos os monstros minha querida, são os humanos, especialmente aqueles que estão acima de nós´´ Isabel lhe responde com o olhar triste e volta para sua tarefa. Cravando na cabeça de Lana suspeitas de todos na festa.
Nestes dias após a conversa com Isabel, era constante o interrogatório de Lana com cada pessoa que ela poderia considerar suspeito, mas o que ela queria mesmo seria entrevistar a família, então decidiu começar por baixo, especificamente com Filip, recentemente o único filho e herdeiro Savelli, tinha apenas 8 anos e nunca mais havia falado mais do que duas palavras por dia desde o falecimento da irmã mais nova, Tribbiane pensava que era inútil desconfiar de uma criança que já havia visto brincar diversas vezes com Pauline, ela admitia que as brincadeiras as vezes iam longe demais e ele acabava empurrando ou machucando a irmã de verdade, porém depois sempre havia um arrependimento  e um pedido de desculpas.
´´Você vai entrar? ´´ Filip pergunta a Lana, depois de observar que ela estava a tempo demais na porta de seu quarto cogitando entrar. Então a detetive respira fundo e entra, sentando na outra ponta da cama do garoto. ´´Eu sinto falta dela sabe, e ninguém me pergunta isso, gostava de conversar e brincar com ela, era a única coisa que me distraia nessa casa´´ Filip diz mesmo sem Tribbiane perguntar, no tempo que passou na casa já tinha entendido que os pais nunca davam atenção a ele e a irmã e talvez a única semana que Lana passou com eles e se aproximou para conversar e brincar, foi mais do que os pais haviam feito a vida toda com os dois. Então ela tenta responder com um bom humor ´´Ela com certeza sente falta de conversar com você, mas não de brincar porque você sempre a jogava no chão e ficava bravo quando ela te jogava também´´ A morena termina a frase e desperta um sorriso leve no rosto do mais novo que responde ´´Pauline com certeza não gostava de brincar assim, mas foi o jeito que ele brincou com a gente a vida toda, a gente não sabia se esse era o jeito dele de brincar ou só queria nos machucar mesmo´´ Filip termina com os olhos voltados para o chão e puxa a manga do seu pulso para baixo como se quisesse esconder algo. ´´Eu não sabia que era isso que você pensava do seu pai, mas eu tenho certeza que um dia ele melhora...´´ E antes de Lana terminar a frase Filip a interrompe ´´Não é do papai que estou falando, é do Theo, eu não gosto nada dele´´ ele responde ainda mais triste e faz com que a morena se pergunte que parte deixou faltar da sua pesquisa que não constava nenhum Theo, como ele podia ter passado despercebido e como poderia estar envolvido na história da família. ´´Mas quem é ele? Eu já o vi? Ele estava aqui na noite do baile? É algum parente seu?´´ Ela o pergunta apreensiva e percebe que causou um susto no garoto, respondendo um ´´desculpe´´ sussurrado. ´´Não sei por que o espanto, mas deve ser porque você não teve a oportunidade de conhece-lo, e que sorte a sua´´ Ele solta um sorriso e continua ´´Theo é um outro lado da mamãe, ele aparece as vezes inesperadamente, é a pior pessoa que já conheci, quando erámos mais novos eu e Pauline sofríamos mais, ele nos machucava e nós mandava ficar quieto, muitas vezes eu protegia Pauline e ficava na frente dela para que eu me machucasse e não ela, eu tenho algumas cicatrizes na perna até hoje.´´ Quando o loiro termina de falar, demora alguns segundos para que Lana saia do choque que estava, ela perdeu o fôlego e tudo o que mais queria era levar Filip pra bem longe com ela, e colocou isso como meta depois que desvendasse o caso. ´´Mas como vocês sabiam que não era a mãe de vocês? Como sabia que esse era o nome dele? Filip, e se quem te tratou assim foi sua própria mãe? ´´ ´´Porque ele dizia´´ O pequeno responde olhando para Lana com lagrimas nos olhos ´´Quando nós pedíamos para a mamãe parar de nos ferir ele respondia que ela não estava ali, ele que a dominava no momento e que éramos pra respeita-lo e chama-lo pelo nome verdadeiro dele. Theo até sumiu por um tempo depois da mamãe ser internada em algum hospital especial. Ainda acho que ela voltou muito cedo pois esses tempos ele está mais agressivo. ´´ Filip termina olhando o pulso avermelhado aparentemente novo e naquele momento um clique acontece na cabeça de Lana, as palavras de Dona Isabel alarmando Lana que o monstro estava na mansão, o olhar de Elise no quadro da sala, que claramente não pertencia a mulher feliz que aparentava ser e sim a outra personalidade dela. No momento Lana se encontrava com o coração a mil, não sabia o que pensar e o que fazer, o assassino da casa já tinha sido desvendado e ela não sabia como provar aquilo para a polícia, ninguém acreditaria nas palavras de uma criança contra a mulher mais poderosa de Veneza, sem pensar duas vezes Lana desce as escadas correndo após dar um beijo na testa de Filip o prometendo tirar dessa casa, e vai em direção do local que Elise estava, a encontrando com aparência luxuosa de sempre, se olhando no espelho arrumando seu cabelo alaranjado.
´´Olá Lana! ´´ Elise diz com seu famoso sorriso enorme e luminoso após ver o reflexo da morena no espelho ´´Que surpresa agradável, chegou na hora certa estava desejando um drinque diferente...´´ ´´Como pode? Como você consegue? ´´ Lana a interrompe na frase sem ligar para sua reputação de governanta. ´´Sua filha morreu, sua única filha, uma criancinha de 7 anos inocente e pura está morta! E você quer um drinque? ´´ Elise se vira para Lana com o olhar abismado mas responde calmamente ´´Cada um lida com a dor de forma diferente. ´´ ´´De forma diferente? É isso que você pensa depois de três dias que assassinou a própria filha? ´´ Tribbiane sentia que aos poucos perdia o controle e não conseguiria aguentar mais. ´´O que disse? Está me acusando sua insolente? Quem pensa que é? Eu posso acabar com sua vida em um segundo só falando com o meu marido. ´´ A voz de Elise aumentava aos poucos. ´´Faça o que você quiser. Mas uma coisa eu vou deixar claro, eu vou tirar Filip daqui. ´´ E com essa frase Lana anda em direção as escadas e é interrompida por um braço que a segura com força e lhe arremessa para a direção contraria. ´´Você nunca vai triscar um dedo nele´´ Savelli diz com arrogância. ´´Eu não posso não é? Porém o Theo pode...´´ Com essas palavras, Elise fica sem saber o que responder ´´Mostre-me ele. Anda. Mostre-me ele. ´´ A morena empurra Savelli cada vez que terminava a frase a empurrando para perto da parede até gritar uma última vez ´´MOSTRE-ME ONDE ELE ESTA´´ e com toda sua força faz com que Elise bata com o corpo contra a estante que quebra e a faz deslizar no chão, até que a ruiva responde ´´Tudo bem, você que pediu´´ E no ato seguinte, tudo que Tribbiane vê é o que uma vez foi Elise se transformar numa pessoa que não possuí brilho algum nos olhos, com o movimento rápido Theo pega o vidro que pertence a estante recentemente quebrada e vai  em direção a Lana, que corre para fora da casa. Tropeçando nos próprios passos Lana escorrega na lama do quintal da casa e levanta rapidamente mas não suficiente para escapar da lâmina que atinge a sua perna fazendo com que ela solte um grito baixo. Theo estava perto mas não tanto e Lana consegue chuta-lo fazendo perder o equilíbrio para que ela consiga se levantar e mancar relativamente rápido pela sua situação, quando consegue ter coragem para tirar o caco de vidro em sua perna é empurrada para a parede do quintal, e o vidro que estava em sua perna foi rapidamente tirado e colocado perto de seu pescoço. ´´Vamos lembrar que você implorou por isso certo? Até gostava de você´´ Theo sorri e seu olhar penetra no de Lana fazendo com que ela sinta o maior frio que já sentiu em sua barriga, mas antes de que o vidro entrasse pela sua garganta Lana escuta um barulho. E Theo cai no chão. A sua frente estava Dona Isabel e na sua mão uma panela que aparentava ser muito antiga. ´´Foi a primeira coisa que eu vi. ´´ Isabel dá de ombros e faz Tribbiane soltar um sorriso de alegria e um suspiro de alívio, e usa o ombro de Isabel como apoio para voltar pra casa.
Depois de quatro horas do ocorrido a casa parecia outra. Lana contatou seus amigos policiais e lhe informou tudo sobre Elise/Theo e Frank e seus negócios ilegais. Acharam o corpo de um dos sócios de Frank na vala o fazendo ir direto para cadeia, e com as acusações de Tribbiane, Isabel e Filip, Elise retornou para o hospício, dessa vez com tratamento intenso.
Lana conseguiu adotar Filip e levar Isabel para morar com ela, dessa vez em um país novo para tentar uma nova vida para os dois. Embarcaram no mesmo dia e prometeram nunca mais voltar para Veneza.





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