Afinal, quem eu sou?
Conto - Redação
Escola Estadual Professor Edilson Souto Freire
Cepesf3cv2019@gmail.com
Evelyn Vitória Carvalho da Silva
Nathália de Oliveira Barreto
Noemi Evangelista de Souza
Resumo: Este Conto é referente uma atividade realizada em sala de aula pela professora Tássia Fernanda de Redação, com a turma de 3° C- vespertino, onde ela orientou que criássemos um conto de tema livre, para estimular nossa escrita e criatividade. No qual, este conto refere-se a momentos durante anos de um alguém, contados atualmente.
Palavras chaves: Comemorações, datas, descoberta, pensamentos, sentimentos.
Afinal, quem eu sou?
25/03/1905
Desde sempre me vejo afastado de pessoas, não queria ter animais de estimação ou algo assim, contato com vidas é algo intrigante. O único amigo que tenho é o vento, ele sempre está aqui, é constante mesmo que sua intensidade não seja, ele faz parte desse mundo azul que criei para mim. Acho que por coisas assim, como a amizade com o vento, me tornam solitário. Deve ser por isso que me vejo obrigado a falar unicamente comigo ou ..com o vento.
23/12/1905
Essa época do ano é a mais iluminada de todas, crianças agasalhadas, árvores decoradas, velas e mais velas que se apagam num sopro. O meu jogo favorito com o vento e esperar alguém acender uma vela, fico observando e quando finalmente a acendem “fuuuuuu” o vento a apaga.
02/02/1907
Eu sinto que às vezes esqueço das pessoas que vivem por aqui, esqueço de rostos, esqueço do som da voz delas.. Talvez seja um tipo de amnésia, esquecer de quem existe.
Mas com o passar dos anos, notei que algumas pessoas conseguem enxergar além e descrevem a vida como algo que só existe quando se está olhando. A observação mantém a existência, isso explicaria os famosos e sua buscar por status, querem ficar vivos, eles sim sabem da verdade.
12/05/1907
Decidi escrever esse diário para ter alguém com quem compartilhar minhas ideias. Acho que ele entende melhor que as pessoas.
31/07/1907
Por quê reclamam tanto de mim? Se ando devagar me gritam, se ando rápido me xingam. Essas indecisões e ambiguidade que me criam a vontade de terminar com todos vocês. Por isso não tenho amigos.
10/09/1907
Estou desgastado. Sinto dores que parecem me cortar ao meio. Mas tudo bem, eu me moldo para vocês
Algum momento de 1945
Eu fico parado olhando no que me tornaram, minhas mãos estão cobertas por sangue, ouço os gritos como se fossem um canto de súplica. Talvez eu seja o único que olho para trás e vejo no que vocês se tornaram, no que me tornaram. Eu vejo seus passos e os meus. Estamos errados.
03/04/1950
Estive pensando no quanto planejam o futuro. Eu não o planejo. Acredito que ele não existe. Pense um pouco, criança. O amanhã só existe em sua imaginação, porque quando ele chega ...bem, quando o amanhã chegar ele já será o hoje.
12/06/1953
Hoje é um daqueles dias em que todo mundo comemora com presentes e chocolates com cartões de corações, com cartões de corações. Eu não entendo essas datas comemorativas. As pessoas são tão estranhas. Esperam por um único dia, dentre tantos outros, somente para dizerem a uma outra: Eu te amo. Isso deveria ser todos os dias, cotidianamente. É cada amor confuso, só demonstrados em alguns dias.
12/10/1953
Mas uma data, essa é a das crianças. Continuo não me apegando, quando vejo, já passou e já foi. Agora uma afeição, hora outra. Outro corpo, jeito e forma.
Elas sonham e me apressam para que se realize quando então chega, elas querem que eu volte a referida.
31/12/1959
Chamam de ano novo, o dia do recomeço, dos fogos e abraços apertados. Não entendo datas comemorativas, mas acho esta ... diferente. Esse é o dia em que todos lembram de mim, da minha passagem em seu ano. Uns falam bem, outros falam mau, creio que já me acostumei com a ingratidão. O ser humano é tão imperfeito.
01/01/1964
Chamam de “Ano Novo”, mais um nome dado, gostei! Mas não me lembro de quase mais nada do “Ano Velho”. Essa amnésia ainda me persegue.
Foi-se fogos e líquidos, paz e harmonia. Mas só ali, foram-se “flashes” que relembro.
Pisquei!
Revi aquela “criança” que me pediu o sonho, mas ela não mas sorri, ouço ela falar que a anos desejaria voltar.
29/09/1964
Encontro-me frustrado, tentei de tudo acompanhá-la e vê-la sorrir. Falhei!
18/03/1988
Encontro-me numa calmaria, numa brisa de leveza a desfrutar. Consegui me acalmar após as garras de serpentinas. Mas já me chamam novamente, para logo comemorar.
27/11/1994
Viver, o viver é dualista. Vejo as várias formas de se descrever a vida. Aquelas aglomerados de teorias, escritas com palavras que quase ninguém usa. Soluções do ego de um cientista, transtornado com a vida pacata. A divisão relativista, mesclada, as crenças do empirismo, sim e não, alto ou baixo;
06/07/1999
Matrizes são tão simplórias. Qual a sua necessidade no mundo? Qual a necessidade da minha existência no mundo? Eu já sei a resposta. Meu reflexo não se mexe, não fala, não pensa ... não faz nada do que eu faço. Não sei se posso te chamar de “meu reflexo” por isso, por você não fazer nada do que eu faço. Não tem regras como eu, parece mais live do que eu ... parece mais eu que eu.
13/12/2001
Matrizes são tão simplórias. Qual a sua necessidade no mundo? Qual a necessidade da minha existência no mundo? Eu já sei a resposta. Meu reflexo não se mexe, não fala, não pensa ... não faz nada do que eu faço. Não sei se posso te chamar de “meu reflexo” por isso, por você não fazer nada do que eu faço. Não tem regras como eu, parece mais live do que eu ... parece mais eu que eu.
17/08/2005
Matrizes são tão simplórias. Qual a sua necessidade no mundo? Qual a necessidade da minha existência no mundo? Eu já sei a resposta. Meu reflexo não se mexe, não fala, não pensa ... não faz nada do que eu faço. Não sei se posso te chamar de “meu reflexo” por isso, por você não fazer nada do que eu faço. Não tem regras como eu, parece mais live do que eu ... parece mais eu que eu.
09/04/2008
Matrizes são tão simplórias. Qual a sua necessidade no mundo? Qual a necessidade da minha existência no mundo? Eu já sei a resposta. Meu reflexo não se mexe, não fala, não pensa ... não faz nada do que eu faço. Não sei se posso te chamar de “meu reflexo” por isso, por você não fazer nada do que eu faço. Não tem regras como eu, parece mais live do que eu ... parece mais eu que eu.
23/07/2010
Essas moscas espiãs alienígenas vi. Vem em 24 horas e fazem um trabalho muito melhor do que certos humanos em 70 anos de vida.
Agregamos valores as coisas ... quais coisas nos agregam valor ? Afinal, o que nos soma além de átomos agregados?
28/10/2012
Mortos não assistem enterros. Mortos não sorriem ... só está lá um corpo vazio, sem alma nem espírito. Aquele momento de palavras bonitas, frases marcantes, fluxos de lágrimas intermináveis ... nada disso comove e conforta os mortos. Eles estão mortos não sentem. A droga do enterro é para vocês, humanos, que são egoístas demais para dizer algo bom a alguém vivo. E mais egoísta ainda por questionar a ida deles. Vocês criaram isso para conservar seus sentimentos tolos e maldosos, virados e voltados para vocês. Por que vocês querem tanto dizer adeus ? Por que não o sentem antes deles irem ? Por que guardam esse gosto amargo com vocês ? Por que eu contribuo com isso ?
12/09/2017
Notas para as crianças! Kids (voz de seu pai) acredito que somos um universo a parte, nós mesmos viajamos no nosso universo, ele é grande e talvez vocês não conheçam tudo, então não se percam ... mas se acontecer, torço para ter um astronauta que te resgate ... eu tenho um, ele é azul e tem olhos lindos.
04/04/2018
Continuo me perguntando como é que uma borboleta enxerga mais do que um astronauta ? Acho que seus olhos foram em um outro plano, acho que esqueci como são reveladores, estão soltos de tão presos, leves de tão pesado, e tu ... fica aí gravitando. Não sei por onde mas vou atrás. Espero que não fique gravitando por muito tempo, seus olhos estão confusos, tanto quanto teus gestos, não sei se vê isso no espelho. Parece guardar as trilhas da mágoa. Ah! Doce astronauta, por onde gravitas ? Por onde seus olhos caminham ? Ainda enxerga a borboleta ?
19/03/2019
Às vezes uns de vocês me chamam atenção, principalmente vocês que não se importam comigo. Normalmente são crianças, crianças não ligam pra mim, elas sim me aproveitam.
Estou cada vez mais mudado, desistindo de simplesmente existir. Eu já não sei o sentido e procuro de todas as formas ver o fim...Talvez ele não exista, talvez seja só mais uma palavra inventada por vocês humanos. Aqui onde estou, onde existo, sem números me quantificando, é tudo vazio, não existem cores, eu nem sei se existo. Meu criador não me mostrou meio início, apenas lembro do som ..big-bang...e cá estou eu, vivendo sem começo, com sangue nas mãos, sangue de pessoas que não me lembro mais.
Quero sumir, deixar de existir ... Será possível que nunca vão enxergar o meu valor? Ou valorizar a minha passagem? Precisa mesmo o criador levarem vocês ou alguém próximo a vocês para perceberem que eu não volto mais? Um grão de areia que meu amigo vento leva, eu não devolvo. Pedem que eu volte, quando não cumprem seus compromissos, mas não volto, não que eu não queira, mas porque não posso, meu criador não permite, talvez o motivo seja porque os humanos são falhos. Dão valor aos momentos somente quando
eles se vão. Uns vivem o presente sem pensar no futuro. Outros vivem o presente baseando-se no futuro. E outros... Bom... Outros, não vive no presente nem pensar no futuro, vivem o peso do passador. Existo desde o início do universo, minha mensagem foi sempre a mesma ao longo dos séculos, eu não mudo, eu não paro, eu não volto, você pode até conseguir voltar numa cena de filme, q... Deixa para lá.
De filme, muda de roupa pra parecer diferente ou estacionar o seu carro aqui e ali pra achar a melhor vaga. Mas sobre mim, você não terá esse controle, eu não tenho esse controle. E quem sou eu? Bom, se você não me descobriu, talvez você esteja despercebido. Quer um conselho? Pare. Pare tudo e reflita. Ligue um ponto ao outro. Deixe de lado coisas abstratas e viva. Só viva. Porque eu ... infelizmente não posso te ajudar, somente te alertar, te dá sinais ou lições de vida. Por isso a pergunta não é quem eu sou, e sim, o que eu sou. Eu? Eu sou o tempo.
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