Ditadura militar e a volta do conservadorismo no Brasil

A ditadura e a volta do conservadorismo no Brasil


Arielle Luise Santos Lopes,
Anderson Rian Feitosa da Silva,
Daylane Silva Santos,
Evelyn Vitoria Carvalho da Silva,
Inês Santos de Souza
 Maria Cecilia dos Santos Moura,
 Nathalia de Oliveira Barreto

Resumo:  O objetivo deste estudo é apresentar o que foi a ditadura militar e como esse acontecimento impactante afetou e afeta a sociedade até os dias atuais, visto que o movimento que antecedeu o regime civil militar foi praticado em dias atuais, nos mostrando que mesmo após cinquenta anos, a falta de informação nos ronda de forma intensa além de o apontar o conservadorismo como grande problema que impede o progresso de nossa sociedade.

Abstract: The aim of this study is to present what was the military dictatorship and how this impact has impacted and affected a society to the present day, since the movement that preceded the military military regime practiced today, shown to us after fifty years, is lacking. of information about the round intensely besides pointing out or keeping as a big problem that impedes the progress of our society.

Palavras-chaves:  Ditadura, Conservadorismo, Golpe Militar, Marcha da Família, Censura e Autoritarismo.   

Introdução: A presente pesquisa tem como objetivo apresentar informações sobre a ditadura militar no Brasil e conservadorismo, mostrando as características de uma ditadura e informando sobre o modo como utilizavam da mídia para manipular a sociedade, fazendo uma comparação com ações do passado e as dos dias atuais.


1.     Ditadura Militar

A Ditadura Militar é um regime político liderado por componentes das forças armadas de um país, que centralizam política e administrativamente o poder do Estado em suas mãos, rejeitando os direitos, as providências, e à participação dos cidadãos de classe média e baixa nas decisões das instituições estatais, incluindo os que estão abaixo dessas classes, dos quais se encontram na miséria. Assim, excluindo-os de qualquer decisão referente ao Estado. Um exemplo de ditadura foi no tão conhecido governo de João Goulart, onde o poder militar tirou o presidente eleito de forma democrática do cargo, com o argumento de que estariam evitando um Ditadura Militar Comunista, o que no período em que estavam de Guerra Fria, fez com que acreditassem, concretizando assim um Golpe de Estado, que ocorre em 31 de março de 1964. Golpe de Estado é definido como uma subversão da ordem institucional de determinada nação. Podendo apresentar características violentas ou não. Ou seja, não seria uma rebelião, protesto ou manifestação do povo contra o governo, e sim, uma armadilha de gente de patamar próximo, da também elite, no qual tem uma opinião contrária de um outro indivíduo e se junta com as forças militares, alegando algum argumento que faça com que acreditem no que ele diz, assim derrubando aquele indivíduo do poder.
2.     Censura e o uso da mídia

Uma ditadura tem como características a censura, a ausência de eleição franca, de liberdade partidária e intenso poderio do Estado na vida dos cidadãos.
Focando na característica da censura, é muito comum notar o uso da mídia pelos governos, pois a mídia se tornou uma grande forma de propagar ideias e informações. Podendo difundir ideologias, ou não. Esses mecanismos foram adotados principalmente por regimes não democráticos, autoritários e totalitários, que utilizavam os meios de comunicação como forma de legitimar e promover a aceitação social dos novos modelos de governo implantados.
Como por exemplo, No cenário do regime não democrático do Estado Novo, Getúlio Vargas utilizou a propaganda governamental para legitimar as ideias que se instauravam no poder. Por meio da censura o governo controlava o que era publicado, permitindo a veiculação apenas de notícias que fossem benéficas à Vargas. Com as transmissões regulares de rádio a partir da década de 20 e o maior alcance que ele gerava, devido ao grande contingente de analfabetos que o país abrigava, o governo consolida o rádio como um dos veículos oficiais de informação. A voz de Getúlio torna-se familiar para toda a população do país, procurando criar um sentimento de proximidade com o governo, além das medidas populares que promoveu.
No contexto do Estado Novo, o governo cria vários órgãos para regular os meios de comunicação. O Departamento Oficial de Propaganda (DOP) fica responsável pela publicidade governamental, enquanto o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) tem as funções de centralizar, orientar e organizar a propaganda governamental – tanto no âmbito nacional quanto no internacional. Além da censura, também foi importante a criação de uma imagem falsa à Vargas – o “Pai dos Pobres” – que associasse simpatia e carisma ao próprio, tudo isso utilizando o alcance que a mídia tinha.
Controlando os meios de comunicação, o Governo regulava a imprensa privada para promover o governo ao mesmo tempo em que notícias contrárias ao poder eram censuradas. A censura podia ser prévia, dentro das redações ou por telefone, mas também podia ser posterior com o recolhimento das edições com conteúdo reprimido. O rádio também era controlado pelo governo, transmitindo em sua programação apenas o que era permitido.
E citando também o cenário da Ditadura Militar no Brasil, a princípio não exercia um controle formal sobre a imprensa, censurando aquilo o que considerava impróprio ou que não fosse a favor do regime. Esperava um apoio voluntário dos meios de comunicação ao regime, o que pode ser visto pela tentativa de incorporar a imprensa de forma mais significativa aos parâmetros da ditadura apenas a partir do governo Médici, usando principalmente a televisão. Não havia uma política organizada para a autopromoção pelos meios de comunicação, como no regime de Vargas, que se mantiveram privados durante todo o regime somente uma aspiração dos militares de poderem contar com os meios de comunicação na consolidação do regime e na consumação de uma imagem-símbolo: a da unidade das Forças Armadas, como avaliadora e sustentadora de um estado todo-poderoso, condutor dos destinos de uma nação coesa em torno de um destino comum, com total ausência de contradições internas e interesses diferenciados.
O regime militar também censuraram a liberdade de expressão da população, de artistas e até da imprensa como forma de proteger a instabilidade do sistema. Assim, qualquer tipo de manifestação contrária às ideologias do governo eram consideradas como formas de rebelião e rapidamente combatidas, sobretudo as com grande potencial de alcance como obras de artistas e propagações na imprensa.
No início da década de 70, através do Decreto-lei n° 1.077, foi instituída no Brasil a censura prévia que consistia em um departamento da Polícia Federal formado por uma equipe de censores que avaliavam o conteúdo de revistas e jornais para decidir se poderiam ser publicados.

2.1      Características de uma ditadura

Os militares utilizam processos violentos para assegurar a autoridade e desencorajar quaisquer protestos que são contrários ao governo. Nos regimes militares, o uso de armas de fogo é comum e casos de tortura e desaparecimento são frequentes.
No Brasil, a Comissão Nacional da Verdade - CNV instituída em 2011 tinha o objetivo de investigar as violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura. Ao final dos trabalhos, a comissão estimou um total de 434 mortes e desaparecimentos motivados por razões políticas.
Os regimes militares costumam suprimir a separação de poderes e centralizar o poder político nas mãos do grupo governante. Dessa forma, é habitual que o mesmo grupo tenha controle sobre o executivo, legislativo e judiciário. A exemplo do Brasil, em 1968 foi instituído o Ato Institucional Número Cinco (AI-5), o mais severo decreto presidencial da ditadura brasileira. Entre seus principais efeitos estavam:
A probabilidade do poder executivo paralisar as atividades do poder legislativo em todo o país;
A pretensão de legitimidade dos atos emitidos pelo presidente, independente de qualquer tipo de revisão judicial;
Legislação por meio de decretos-lei editados pelo executivo;
Intervenção federal arbitrária em nível estadual e municipal.
Como resultado natural da censura e da centralização de poder, esses regimes impedem a formação de partidos políticos opositores, dificultando imensamente a transição de poder e a propagação de novas ideologias.
No Brasil, o Ato Institucional Número Um (AI-1), emitido em 1964, permitiu que o governo:
Paralisassem os direitos políticos de qualquer cidadão que expressassem ideais contrários ao regime; (suspensão de tais direitos por 10 anos)
Cassasse mandatos legislativos em qualquer esfera federativa;
Afastasse funcionários públicos dos seus cargos.
Regimes militares habitualmente são instituídos depois de golpes de estado, através dos quais as Forças Armadas (normalmente o exército) assumem o controle do poder político em momentos de fragilidade institucional. Assim, não há nenhuma forma de participação social na escolha dos representantes do governo, o tornando totalmente ilegítimo.

3.     Ditadura Militar no Brasil

Em 1961, se iniciou uma crise política quando o presidente Jânio Quadros renunciou sua posição com pouco tempo de governo. Jânio Quadros acabou perdendo todo o apoio dos políticos que eram contra ao comunismo devido ao seu governo que indicava ser de esquerda, com isso a presidência foi assumida pelo vice João Goulart.
Ocorreu então um comício onde João Goulart se posicionou como defensor das reformas de base, plano que promoveria várias mudanças nas estruturas bancaria, agrária e educacional. Então, os conservadores da época apoiados por partidos da oposição organizaram uma manifestação, a Marcha da família com Deus pela liberdade, nisso houve acusações contra o presidente João Goulart de que ele planejava um golpe de esquerda.
E com o aumento dessa tensão na política, os militares dão um golpe com ajuda de setores civis no dia 31 de março e assumem o poder, e consequentemente João Goulart é obrigado a deixar o cargo.
O primeiro militar a governar o país foi o general Castello Branco, ele estabeleceu o Ato Institucional 1, que dava plenos poderes aos militares e garantiam a sua permanência no poder, declarando o fim das eleições diretas. Como consequência direta dos decretos do AI – 1 foi realizado uma grande quantidade de expulsões. O objetivo dessas expulsões era tirar de posições importante todos aqueles que não compactuassem com a ideias do regime.
Castello Branco decretou também o AI- 2, que fez com que todos os partidos políticos fossem fechados e fosse adotado o bipartidarismo, ou seja, apenas existiam dois partidos a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Enquanto o primeiro apoiava o governo o segundo representava a oposição, porém eles tinham restrições na atuação.
Após o governo de Castello Branco, o general Arthur Costa e Silva assumiu a presidência do país. Ele tentou promover o desenvolvimento do país com a criação de um plano econômico e para isso ele tomou as seguintes medidas:

     Contenção dos salários e direitos trabalhistas
     Aumento nas tarifas públicas
     Corte nos gastos públicos
     Diminuição da inflação
Por um lado essas medidas ajudaram a estabilizar a economia do Brasil porém por outro foram bastante prejudiciais para os trabalhadores.
Costa e Silva decretou o Ato institucional- 5, que foi feito em resposta às manifestações contra o governo, esse decreto deu o direito de promover inúmeras ações arbitrárias e reforçou a censura e a tortura.
No governo de Emílio Médici foi marcado por grandes insatisfações. Devido à enorme repressão que acontecia, esse período ficou conhecido como os “Anos de Chumbo”, esse período também ficou conhecido como Milagre econômico, devido ao rápido crescimento econômico porém o milagre econômico trouxe diversos prejuízos para o Brasil, como o aumento da pobreza e a dependência de empréstimos do exterior. E diante a todas as dificuldades que o Brasil passou, o governo começou a perder apoio.
Em 1974 o general Ernesto Geisel assume a presidência e tenta implantar uma democracia revogando diversos decretos de lei como o AI-5 e restaura o habeas-corpus. Os militares descontentes com essas ações começaram a atacar membros de esquerda. Nas eleições de 1978 ocorreu a vitória do MDB o que fez com que a redemocratização se acelera-se.
O general João Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, que dava o direito dos exilados voltarem ao Brasil. Em 1979, o governo aprova a lei que estabelece o pluripartidarismo no país, Então os partidos voltam a funcionar.
Em 1984, foi feito o movimento das Diretas já, que juntou políticos, artistas e milhões de brasileiros em uma luta para a volta das eleições diretas mas para a decepção do povo a emenda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.
O fim do regime militar ocorreu em 1985 com a eleição de Tancredo Neves. Em 1988 é aprovada uma nova constituição no Brasil.

4.     A volta do Conservadorismo

Conservadorismo é a prática oposta a mudanças. Na política o conservadorismo pode apresentar dois significados, o primeiro é manter as instituições políticas como estão, sem nenhuma alteração, já o segundo é o conservadorismo político como pensamento de manter a sociedade de forma tradicional em todos seus âmbitos, sendo eles de costumes, tradições e/ou convenções, tendo a sociedade com formação hierárquica e sempre valorizando a identidade nacional.
Nos últimos anos vem surgido uma onda de movimentos conservadores que acreditam e defendem que não houve ditadura no Brasil ou qualquer golpe militar. Isso se dá por mentes conservadoras que acreditam que os anos de ditadura foram os melhores da sociedade brasileira.  É obvio que o conservadorismo e a ditadura se correlacionam pois o pensamento de que as coisas não devem mudar e sim se manterem da forma que está diz muito a respeito dos anos de ditadura, onde as ideias de mudanças de João Goulart não foram bem vistas pela elite. Ideias como reformas urbanas, distribuição de terras para a população mais pobre, ensino universal, levantaram uma imensa discussão pelas classes elitistas e por isso essas ações de Goulart foram apontadas como comunismo.
E assim como na Marcha da família com Deus pela liberdade, realizada em 1964, onde esses conservadores eram completamente contra as ideias de Goulart e o considerava comunista, podemos relacionar com a Marcha da família realizada em 2014, onde manifestantes se reuniram para pedir a intervenção dos militares no governo Dilma. Onde eles alegavam que o PT era uma ameaça, e um dos organizadores Bruno Toscano Franco cita o financiamento do porto de Mariel em Cuba como uma prova da aproximação do governo Dilma Rousseff com os ideais comunistas. Para ele essa ação do governo tinha como intenção transformar a União de Nações Sul-Americanas(unasul) em um bloco comunista.
 E assim como a Marcha da Família em 2014, temos também a Marcha para Jesus de 2019. Onde conta com o apoio do atual presidente, de extrema direita, Jair Messias Bolsonaro, onde eles celebram a família tradicional brasileira. Bolsonaro faz declarações conservadoras maquiadas: “Respeitamos todas as religiões e até quem não tem religião, mas a grande maioria do povo brasileiro é cristão” onde ele ressalta a liberdade de credo mas insinua que a fé cristã prevalece no Brasil.  O presidente também fez críticas às variações de família que não são formadas por um casal de homem e mulher: “Se querem que eu acolha isso, apresente uma emenda à Constituição e modifique o artigo 226. Lá está escrito que família é homem e mulher. Mesmo mudando isso, como não dá para emendar a Bíblia, vou continuar acreditando na família tradicional.”
 Atualmente a nossa sociedade vem avançando em muitos aspectos, vem sendo criada leis que defendem minorias, as mulheres vem alcançando seus direitos igualitários, vem sendo discutido questões que antes não eram discutidos e essas mudanças incomodam os conservadores, por terem a visão de que tudo tem que permanecer com está.
Conclusão: Tendo em vista os fatos mencionados é inegável a existência de uma ditadura civil militar no Brasil, onde pessoas foram censuradas, perseguidas, tiveram seus direitos políticos extinguidos, foram torturadas e muitas das vezes mortas. E tudo isso, ainda nessa época, foi completamente escondido da própria população e como consequência temos muitos grupos que atualmente não tem ideia das coisas que acontecia na época de ditadura ou que pedem pela volta da própria. E muitos discursos que foram usados na ditadura voltam a ser repetidos na atualidade e isso pode ser preocupante, devemos ter o senso crítico para discernir o que é bom para nossa sociedade, para que continuemos progredindo e não regredindo como é o objetivo do conservadorismo, permanecer na mesmice.



Referências:
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/ditadura-militar-no-brasil


Vídeo da Ditadura Militar e a Volta do Conservadorismo

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